"A Fundação Calouste Gulbenkian emprestou aos portugueses 97 milhões de livros e, ao longo de quase 40 anos, ainda os ia praticamente levar a casa dos leitores, um serviço que encerrou definitivamente em 2002.
O serviço de bibliotecas itinerantes, chegou a 29 milhões de leitores, quando a Gulbenkian - criada em testamento por Calouste Gulbenkian que morreu faz na quarta-feira 50 anos - encheu dezenas de carrinhas com livros e, durante décadas, percorreu o país a emprestar cultura. "Foram 3.900 povoações atingidas", recorda agora Manuel Carmelo Rosa, director do Serviço de Educação e Bolsas da Fundação Gulbenkian, em declarações à Agência Lusa.
O serviço de bibliotecas itinerantes foi criado em 1958 por Branquinho da Fonseca, administrador da Fundação, adaptado de um modelo que já existia noutros países. Foi um sucesso até à década de 1980, quando o Estado começou a montar uma rede de bibliotecas públicas, não se justificando assim a continuação do serviço itinerante, diz Carmelo Rosa. Ainda assim, acrescenta o responsável, a Gulbenkian adquiriu para esse serviço mais de cinco milhões de livros (de todos os géneros) e fez 97 milhões de empréstimos.
Números impressionantes, tendo em conta até que durante muitos anos os livros "a la carte" privilegiaram o interior do país e foram a única fonte de cultura de milhares de portugueses.
"Numa primeira fase Lisboa foi contemplada, mas depois entendeu- se que o interior era prioritário", afirma Carmelo Rosa, acrescentando que na década passada as carrinhas cheias de livros foram progressivamente sendo desactivadas Em 1991 existiam ainda 57 bibliotecas itinerantes. As outras, à medida que eram criadas bibliotecas fixas, eram oferecidas às autarquias. Ou seja, a Gulbenkian ofereceu as carrinhas com todo os livros às autarquias, embora Carmelo Rosa frise que cada carrinha tinha o seu espólio lá dentro e mais dois de reserva. Tudo somado dá milhões de livros.
Mas Manuel Carmelo Rosa salienta ainda outro factor: os bibliotecários.
"Cada carrinha tinha dois bibliotecários, porque o motorista também o era. Eram pessoas muito cultas e com uma grande formação. Aconselhavam os leitores e faziam a rotação de livros de acordo com os pedidos, além de terem um papel fundamental no aconselhamento dos jovens", diz.
Mas tudo isso acabou. Progressivamente as bibliotecas itinerantes passaram a bibliotecas fixas, ainda geridas pela Gulbenkian, e em 2002 a Fundação desfez-se de todas as bibliotecas fixas, tendo agora um serviço de apoio ao livro e à leitura. "Há nomeadamente o apoio a projectos de apetrechamento mas também animação de leitura ou trazer novos públicos para a biblioteca", afirma Carmelo Rosa.
A Gulbenkian apoia também a realização de conferências, "workshops" ou simplesmente momentos de leitura, além de ter disponível na sua página, na Internet, mais de 30 mil fichas de leitura sobre o que mais importante se editou desde os anos 1960. Através da Internet, chega assim a casa dos leitores. Mas nada se compara àquelas carrinhas que, uma ou duas vezes por mês, levavam às aldeias as aventuras do "Nodi" ou dos "Cinco" mas também livros técnicos ou a literatura clássica e contemporânea. Logo ali, no largo ou na praça, para 29 milhões de pessoas."
Fonte: RTP Artigo relacionado, da Educare.
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Estou a procura de um livro que um amigo leu atraves da biblioteca intinerante em Portugal na aldeia onde residia na década de 70. Trata-se da historia de dois amigos que encontram uma arvore com um tronco aberto e um deles passa a viver ali.De acordo com esse amigo o titulo do livro é O tronco da velha árvore, entretanto ja procurei em varios sitios e não encontro. Será que aqui posso encontrar qualquer informação sobre isso?Ele leu em criança e gostava de resgatar essa historia,mas não lembra o autor nem a editora desse livro.Agradeço resposta.
Julia Darc Silva